O Final já está decidido! Quero agradecer a todas aquelas que votaram e deram a sua opinião. Espero que gostem dos restantes capítulos que por aí vêm! Obrigado a todas!
O resto da tarde foi passado em casa com a Ana e com a Inês a pôr a conversa em dia. Depois do tumulto por causa do banho do David, este comeu qualquer coisa e saiu. Combinámos sair mais tarde para jantar… Fora de casa. A Ana Ficou zonza com tudo o que lhe contei, e a Inês… Bem, acho que já não recuperou da visão que teve…
- Eu não acredito que estive fora enquanto isto tudo aconteceu… E não acredito que não me tenhas contado nada em nenhum dos telefonemas.
- E eu não acredito que haja homens assim… nem que a mim não me calhem desses.
Fiz-lhe uma careta.
- Eu não queria que te preocupasses com nada. Além disso só resolvemos as coisas ontem á noite, quando ele chegou…
- Sim, devem ter ficado mesmo resolvidas…
- Inês, chega! O pobre do David saiu daqui super envergonhado.
- Pobre? Desculpa dizer-te, mas de pobre ele não tem nada!
Voltei a franzir a testa. Conhecendo a Inês como já a conhecia, as piadinhas iriam durar dias…
- Então quer dizer que agora é oficial? Vocês vão mesmo assumir?
- Hum-um! – Assenti com um sorriso nos lábios.
- Finalmente! Isso era o que deviam ter feito logo de início, se alguém não fosse tão cabeça dura.
- Então e… o Jaime?
- Não sei. Pelo que o Dr. Barros me falou, o Jaime não está nada bem. E se se provar que ele não tem condições para exercer, é suspenso.
- E é muito bem feito. O homem não é bom da cabeça.
- Eu tenho pena dele!
- Pena? Ele quase que te agrediu, é um mal formado. Merecia era que o David lhe tivesse partido o nariz.
- Em vez disso, quase que partia era a mão. Eu nem gosto de me lembrar disso.
- Sim, recordemos antes coisas mais agradáveis… como o David no ban…
- Inês! – A voz da Ana e a minha juntaram-se numa só.
- Ok! Pronto… Não se fala mais nisso.
Aproximei-me das duas e abracei-as. Tinha saudades daqueles momentos a três. Tinha saudades de me sentir feliz, protegida, completa.
- Ele vem buscar-te?
- Vem, depois do treino. Vamos jantar…
- Então é melhor ires preparar-te. Não queres atrasar-te já no primeiro encontro.
- Oh, atrasa-te sim. As mulheres devem fazer os homens esperar.
Ri-me. As teorias da Inês em relação aos homens eram um tanto estapafúrdias, mas de vez em quando acertava uma. De qualquer forma, eu estava demasiado entusiasmada para fazê-lo esperar, se tudo o que queria era vê-lo novamente.
David levou-me a jantar num restaurante simpático junto ao rio. Não estava muito cheio mas á medida que íamos passando as pessoas olhavam. Tentei disfarçar o mais que pude o meu pouco á vontade com a situação… sem sucesso. David parecia adivinhar todos os meus pensamentos e ao fazer a reserva escolheu a mesa mais discreta e longe de olhares curiosos. Fiquei aliviada quando me sentei e reparei que quase não tínhamos visibilidade nenhuma para o resto da sala. Ele também deve ter reparado nisso.
- Você tem noção de que se quiser ser uma artista vai ter de lidar com o público. Todo o mundo vai te reconhecer, não dá p´ra você ficar nesse nervosismo todo. Cê vai ter de encarar.
- Eu sei! – Respondi com um suspiro.
- Não se preocupa não. Eles tavam olhando p´ra mim.
- Não sei como é que vocês conseguem aguentar com tanta pressão.
- Tem dias que é meio difícil mas você nunca pode esquecer que o carinho dos adeptos é quem faz de você o que você é. Então eles merecem toda a sua gratidão e consideração.
- Mesmo assim… É uma coisa que me assusta…
- Não se preocupa. Eu vou estar sempre do seu lado.
Sorri. Aquele era o nosso primeiro encontro como casal e não queria preocupar-me com nada. Só queria aproveitar. E depois, o David tinha razão. Mais tarde ou mais cedo eu ia ter de lidar com o facto de ter um namorado conhecido. Eu própria, se queria vingar no meio artístico tinha de perder todo esse medo. E para isso tinha pessoas que me apoiavam, que acreditavam em mim. Amigos que sempre estiveram comigo, que me ampararam e me deram a mão. E tinha o David.
- Mel…
- Sim?
- Você não me contou ainda como foi a sua conversa com o… é… com o Jaime.
Fiz silêncio. O assunto Jaime ainda não tinha dado á costa, apesar de eu saber que mais tarde ou mais cedo ele iria perguntar-me sobre o mesmo. Era tanta informação que eu nem sabia bem por onde começar.
- Correu tudo bem. Não foi fácil. Acabar uma relação nunca é fácil, mas o Jaime já estava á espera, não foi surpresa nenhuma.
- Mas ele não tentou nada com você, né?
- Não! Ele… não fez nada.
- Eu não quero você perto desse cara. Ele é perigoso. E se ele tentar alguma coisa com você, desta vez eu parto p´ra cima dele com tudo.
- Não vamos estragar o jantar! – Disse. Optei por não dizer nada sobre o que o Dr. Barros me havia contado. A altura não era apropriada e não queria deixar o David com mais raiva.
- Há outra coisa que eu quero te perguntar.
- Sobre o quê?
- É sobre sua saúde. Quem vai te seguir agora?
Respirei fundo. Dei-me conta de que iria ser um jantar cheio de assuntos difíceis para mim.
- Tecnicamente, ninguém. Eu parei o tratamento, mas quando estou pior ou tenho crises, o Dr. Barros é quem me assiste. Ele tinha passado o caso para o Jaime, mas eu já falei com ele também e ele vai voltar a ser o “médico de serviço”.
- Eu quero te ajudar. Você marca uma consulta com esse Dr. Barros aí, e a gente vai junto no médico. Se eles cá não podem fazer nada, a gente procura em outro sítio.
- Não, David! – Respondi de imediato.
- Porquê não?
- Porque eu não quero que tu te envolvas nisto.
- Mel, eu amo você. A gente tá junto agora, eu posso te ajudar. A gente procura em outro País, quem sabe eles…
- Não! Sabes quanto custa uma operação destas? É muito cara.
- Dinheiro não é problema…
- Para mim é!
O empregado de mesa aproximou-se nessa altura trazendo algumas entradas, e eu agradeci mentalmente por essa interrupção. Os ânimos estavam a ficar um pouco alterados. Aquele não era de maneira nenhuma o encontro que eu tinha imaginado. Peguei numa das pequenas iguarias que se encontravam em cima da mesa e levei-a à boca. A verdade é que já tinha perdido o apetite, mas não queria que o ambiente ficasse mais estranho do que já estava. David esperou que o empregado se afastasse antes de recomeçar a falar.
- Mas que mulher mais teimosa.
- David, por favor. Podemos não falar mais sobre isto? Pelo menos não hoje, não agora.
- Tudo bem! – Disse, suspirando. – Eu também não quero brigar logo no nosso primeiro encontro. Mas não pensa que isto vai ficar por aqui mesmo.
Limitei-me a encolher os ombros. Eu sabia que ainda voltaríamos ao mesmo. Mas por agora a primeira batalha estava ganha. E fora eu que vencera. O resto resolveríamos depois.
Depois do jantar, David levou-me a casa. A noite estava fria demais para passeios e após a noite anterior em que quase não dormíramos nada, chegámos á conclusão que o melhor era cada um no seu canto… pelo menos por esta noite.
- Acho que ainda não me dei conta do que se está a passar. – Disse abraçada a ele. David deixara o ar ligado para que não tivéssemos frio dentro do carro e estacionara num ponto mais escuro para termos mais privacidade.
- Isso quer dizer que você está feliz?
- Não se nota?
- Não sei. Há pouco no jantar só faltou você me expulsar da mesa…
- Não, por favor. – Disse, endireitando-me no banco. – Não vamos falar disso outra vez.
Ele olhou para mim de uma forma terna e assentiu com a cabeça. Voltei a aninhar-me nos seus braços.
- Era capaz de passar a noite toda assim, contigo.
- Então porquê não passa?
- Porque preciso de dormir e descansar.
- A gente pode ir lá p´ra minha casa e você dorme lá. Sem perigo de alguém pegar você nua… só eu.
Rimo-nos.
- Isso é muito bonito, mas sabes tão bem quanto eu que se fossemos para a tua casa metade da noite estava perdida. E eu tenho mesmo de pôr o sono em ordem. E tu também.
- Tá bom. Só tem uma coisa que eu queria te falar antes de você ir.
- Ai, David! Não me digas que lá vem mais do mesmo…
- Quer fazer o favor de me escutar. Caramba! Além de teimosa tem pavio curto também.
- Desculpa. Ás vezes sou um bocado rabugenta.
- É, tou vendo! Eu só quero te fazer um convite. A Gala do Benfica vai ser nesse fim de semana e eu quero que você venha comigo.
Voltei a endireitar-me no banco.
- A Gala do Benfica? Mas isso não foi já?
- Era p´ra ter sido semana passada, mas você sabe que o Eusébio teve doente e eles vão homenagear ele este ano. Então tiveram que adiar um pouco o evento. Vai ser nesse Domingo porque no Sábado a gente tem jogo.
Respirei fundo. Ainda tinha bem presente a última gala a que fora.
- Eu sei o que você tá pensando, mas eu prometo p´ra você que eu não vou te deixar sozinha nem um segundo. Eu passo aqui p´ra pegar você e a gente vai directo p´ra lá.
Isso não me sossegou nem um bocadinho. Chegarmos juntos a uma Gala desta dimensão era como gritar para o mundo inteiro que estávamos juntos. E por mais que tivéssemos decidido assumir o nosso compromisso, fazê-lo oficialmente num momento deste era algo que me assustava bastante.
“ Tens de ser forte, Mel Andrade!”
- Está bem! - Acabei por concordar. O David presenteou-me com mais um sorriso e chegando-me para ele murmurou-me:
- Vai dar tudo certo. Confia em mim!