Mantive o telemóvel desligado o resto da manhã, não fosse o David ligar-me outra vez. Não sei porque o fizera mas escolhera o momento errado para me voltar a ligar. No entanto, uma pontinha de curiosidade assombrou-me por todo o dia. Depois de terminarmos eu pedira-lhe que não me tentasse falar, fosse de que maneira fosse, pedido que ele sempre respeitou. E, tirando as vezes que nos cruzámos por acaso, nunca antes tínhamos tido contacto, e ele nunca o tentara. Porque iria ele agora quebrar esse silêncio? E já duas vezes em dois dias. Precisamente no dia em que eu e o Jaime estávamos a tentar resolver as coisas entre nós. Por sorte ele pareceu não se ter dado conta de quem era a chamada. Não que eu estivesse á espera de outra reacção negativa da parte dele, mas depois de tudo o que se passou, a última coisa que eu precisava era que visse chamadas do David no telemóvel. Tentei esquecer o sucedido e concentrar-me no que tinha para fazer, mas não era tarefa fácil. Se já estava nervosa por causa do encontro com o Jaime, um telefonema do David não facilitava em nada as coisas. “ Primeiro falo com o Jaime para decidirmos como fica a nossa situação”, pensei. E saí da faculdade decidida a não dar importância ao que se tinha passado.
Tal como prometera ao Jaime, depois de saber qual o horário das gravações desse dia, liguei-lhe. Não sabia bem a que horas estaria despachada, mas teria um intervalo de hora e meia entre as 19 e as 20h30. Dava perfeitamente para jantarmos e falarmos mais um pouco. Percebi pelo tom de voz que ficara contente. E eu também me senti aliviada. A verdade é que desde o encontro com o David, eu sentia-me terrivelmente culpada por causa do beijo que trocámos. O Jaime tinha errado, é verdade. Mas eu também tinha cometido erros na nossa relação. Um novo começo, sem segredos, sem mal-entendidos era o que eu queria. E tinha a certeza de que assim que esclarecêssemos tudo, as coisas iriam ficar resolvidas.
David acabara de ter um dos piores dias da sua vida. Para além de uma noite mal dormida e da falta de concentração nos treinos, ainda descobriu que Mel poderia estar em perigo, saindo com um psicopata. Tentara várias vezes durante o dia falar com ela, mas fora inútil. O telemóvel estava desligado. Quando ligou para a faculdade ela já tinha saído, e ninguém sabia qual a produtora para a qual estava a trabalhar agora. Tivera uma vontade enorme de largar tudo e sair a procura-la, mas ele era, acima de tudo, um profissional. Então não teve outro remédio senão aguentar e esperar que o dia passasse. Quando finalmente acabou, deu Graças a Deus por ter aceitado boleia do Ruben. Este tentara distraí-lo, minimizar a situação, mas sem sucesso. A mente de David estava longe esse dia, muito longe. E o coração apertado.
Enquanto Ruben conduzia de regresso a casa, David olhava as nuvens cinzentas que ameaçavam o céu já escuro. Iria ser uma noite agitada, tal como se encontrava o seu espírito. Era uma pessoa pacata, pacífica. Mas os últimos acontecimentos haviam-no deixado assim. Detestava o que estava a sentir. Por um lado, sentia-se furioso. Por outro, um ser impotente e incapaz de proteger a pessoa que ele amava. Ruben observava-o pelo canto do olho e quase lhe adivinhava os pensamentos.
- Estás a pensar na Mel? – Perguntou sem obter resposta. – Ouve, eu sei que é uma situação delicada, mas antes de fazer seja o que for tens de te acalmar.
- Eu preciso falar com a Mel… ainda hoje.
- E como é que tu vais fazer isso? Desde manhã que tentas falar com ela e não consegues.
- Não sei, mas eu tenho de falar com ela. Eu preciso ver se ela tá bem.
- Ok, eu percebo isso. Mas só não acho boa ideia andares por aí sozinho hoje.
David esboçou um sorriso amarelo.
- Tá pensando que eu vou dormir na sua casa de novo, pode esquecer. Não aguentava mais ouvir você roncando.
- Eu não ressono, mano. Esse és tu.
- Que sou eu o quê? Onde já se viu, eu roncando e fazendo barulho de noite. Vai-se olhar no espelho, vai.
Por breves instantes, Ruben conseguira fazer sair o David brincalhão e descontraído que todos conheciam. E apesar de ele saber que no fundo ele sentia precisamente o contrário, foi bom ver que o mesmo ainda lá estava. Mesmo em situações adversas… E foi com um ambiente mais leve que chegaram a casa de Ruben. Este parou o carro em frente ao portão e esperou que se abrisse.
- Comemos aí qualquer coisa? – Perguntou Ruben enquanto aguardavam.
- Não. Tou sem fome. Tou indo p´ra casa e como qualquer coisa por lá mesmo.
- Tens a certeza? Podemos mandar vir qualquer coisa e depois vais…
As luzes de um carro a aproximar-se desviaram a atenção de Ruben. Estas apontavam directamente para o seu, deixando-o encandeado e sem visibilidade suficiente para identificar o vulto que saiu do veículo.
- Este tipo está-me a dar com os máximos. – Disse, piscando os olhos. David virou-se na direcção das luzes e pareceu reconhecer o andar do indivíduo que acabara de sair do carro. Este trazia qualquer coisa na mão direita. Os dois amigos aproximaram-se um pouco mais do vidro da frente, mesmo a tempo de verem algo na direcção do capôt do carro de Ruben, seguido de um tremendo “baque”.
- Este gajo é maluco! – Gritou Ruben, enquanto tentava tirar o cinto e sair do carro. O agressor continuava e já tinha partido os dois faróis da frente, deixando-o sem luz. David foi o primeiro a sair do carro e a conseguir ver o maluco que os atacava.
- Você de novo! O que é que você pensa que tá fazendo?
Jaime mantinha-se á frente da casa de Ruben com a mesma expressão de raiva que mostrara no dia anterior. Na mão trazia um taco de golfe com o qual agredia vezes sem conta o carro deste, danificando-o bastante.
- Eu disse-te para te manteres afastado dela! – Gritava Jaime.
- Eu vou ligar á polícia! – Disse Ruben, já fora do carro.
David tentava arranjar maneira de segurar as mãos de Jaime, mas este não parava de andar de um lado para o outro. Ruben adivinhou o que David tentava fazer e correu a impedi-lo.
- Não David! O tipo está descontrolado! Se ele te acerta com aquilo pode magoar-te a sério.
- Mas esse cara não pode fazer isso! Seu carro…
- Eu já liguei á polícia. O carro que se lixe.
Jaime continuou a bater no carro, indiferente a tudo o que se passava a seu redor. Ruben morava num local novo, a maior parte das casas ainda estavam em construção, e com o tempo chuvoso não se via ninguém a passar. A única hipótese era esperar que a polícia chegasse. Até porque Jaime parecia mais interessado em fazer estragos no seu carro. David ainda tentou Pará-lo, mas Ruben segurou-o. E quando este finalmente se cansou de agitar o taco de golfe, afastou-se e desapareceu tão rapidamente como quando apareceu. No mesmo instante David dirige-se para dentro da propriedade, seguido por Ruben.
- David! – Chamou! – É melhor esperarmos…
- Esperar o quê? Eu preciso achar a Mel, agora!
- Tu viste o que ele fez. Nós podemos fazer queixa dele.
- E você acha que isso resolve? Não tem ninguém por perto. O cara já sumiu. Ele pode ter ido atrás dela. Me desculpa, mas eu não vou ficar aqui esperando.
- E vais fazer o quê?
- Vou procurar a Mel, nem que eu tenha que ficar a noite toda esperando lá na porta da casa dela. – E saiu a toda a velocidade, as rodas derrapando no piso molhado.
Passavam 5 minutos das sete da noite quando saí. O Jaime, sempre pontual, já me esperava junto do seu BMW. Trazia numa das mão um lindo bouquet de flores que me estendeu mal me aproximei. “ Obrigado!”. Depois, deu a volta para abrir a porta do outro lado e eu entrei. Inconscientemente esbocei um sorriso. Que mulher não gostaria de ser mimada assim?
- Fiz reservas num restaurante aqui perto, para não perdermos muito tempo. – Disse.
Assenti com a cabeça e ele arrancou. Mantivemos alguma conversa de circunstância, falámos de trivialidades e pouco mais. Ambos deixámos de parte o que realmente interessava. Isso ficava para mais tarde, durante o jantar. E como ele tinha sido atencioso o suficiente para tratar de tudo, o mesmo não tardou.
- Tomei a liberdade de escolher. Espero que não te importes.
- Não, fizeste bem. Infelizmente não tenho muito tempo, é melhor assim.
Um silêncio um pouco constrangedor instalou-se entre nós. Nenhum dos dois sabia como começar. Ele mantinha a cabeça baixa e fingia ajeitar algo na mesa. Eu lia a ementa, apesar de o prato já estar escolhido. De vez em quando atrevia-me a olhá-lo por cima da carta. Parecia nervoso, mas tentava a todo o custo disfarçar. Pensei que dada a situação não era para menos. Pousei a ementa decidida a começar eu, mas ele adiantou-se.
- Ainda estás muito zangada comigo? – Perguntou a medo.
- Não! Nunca estive zangada contigo. Desiludida, magoada, assustada, sim. Mas não zangada.
- Mel, eu lamento tanto o que aconteceu… Eu não queria ter feito nada daquilo, mas quando soube que tinhas tido uma relação com o… bom, perdi a noção das coisas. Tu podias ter-me contado… Arrependo-me tanto. A minha vida tem sido um inferno desde esse dia.
- Eu lamento não te ter dito nada, mas foi uma relação da qual saí muito magoada. Não estava preparada para falar sobre ela, eu disse-te isso. Mas agora estou disposta a contar-te tudo.
- Não. Seja o que for, eu não quero saber de mais nada. Tu tinhas razão. O passado é passado e devemos concentrar-nos no presente.
- Mas Jaime, eu…
- Esquece. Fui eu que errei. Perdoas-me e nunca mais falamos sobre isto… Por favor?
Os olhos de súplica dele bateram bem fundo em mim. Eu conhecia bem as suas qualidades. E eram muitas. Errou. Pediu desculpas. Prometeu nunca mais o fazer. Aprendeu com o erro. Eu tinha aprendido com os meus. Agora podíamos avançar. Só tinha de esclarecer só mais uma coisa. Algo que me andava a intrigar desde esse dia.
- Como é que soubeste da minha história com o David? – Perguntei. – Não havia muita gente com conhecimento da mesma.
- Bom, a pessoa pediu-me sigilo, mas dada a situação… Eu não quero esconder-te nada. Foi aquela tua amiga que encontrámos na festa de noivado, a… Patrícia?
- A Pat? – Perguntei em sobressalto.
- Sim. Encontrei-a no hospital nesse dia, o avô estava lá internado e esbarrámos por acaso.
De repente tudo fez sentido para mim. Conhecendo a Pat como conhecia, o encontro com o Jaime fora tudo menos coincidência. E imagino qual não terá sido a história que inventou para ele. Como é que eu não me tinha lembrado disso antes? Este facto deu-me ainda mais a certeza de que fizera bem em dar uma segunda oportunidade ao Jaime. Qualquer pessoa envenenada por aquela víbora perderia completamente a cabeça. “ Mas que Karma!”, pensei. “ Quando é que esta tipa me vai deixar em paz’”
O resto do jantar decorreu em ambiente normal. O assunto David não foi mais mencionado, tal como combinámos. Em vez disso pusemos os assuntos em dia. Falei-lhe das gravações do novo programa que iria para o ar nesse Verão, e como estavam a correr. Ele falou-me de novos estudos na área da saúde para doenças consideradas incuráveis. No fim, levou-me de volta e perguntou se poderia ver-me mais tarde. Disse-me que tinha saudades, que queria aproveitar todo o tempo comigo. Respondi-lhe que não sabia a que horas terminava, mas não via porque não.
- Eu ligo-te assim que sair daqui.
- Óptimo! Eu vou ter contigo a tua casa.
Concordei, com algum receio. A Ana não estava, eu e ele ficaríamos sozinhos depois de um tempo afastados e de uma briga séria entre nós. Sabia bem o que isso queria dizer, mas se tinha decidido apostar na nossa relação, então teria de me entregar a ela a cem por cento. Deixei-o beijar-me. Foi um beijo diferente, talvez por ser um beijo de reconciliação. Mas saboreei-o. Sorri. “ Até logo!”, disse e saí do carro.
Eram quase onze e meia da noite quando mandei mensagem ao Jaime a dizer que estava a ir para casa. A noite estava fria e caia alguma humidade. Agasalhei-me bem dentro do casaco, esfreguei as mãos uma na outra tentando aquecê-las e arranquei no meu Jipe. Nestas alturas dava jeito um carro com ar condicionado. Fui todo o caminho a pensar nos acontecimentos desse dia. O telefonema do David ainda me perturbava. Por muitas voltas que desse não conseguia imaginar qual a razão que o levaria a ligar-me. Felizmente, o Jaime e eu tínhamo-nos entendido. Menos um problema. Agora faltava também perceber o que levaria a Pat a intrometer-se na minha vida. Fizera de tudo para me separar do David, e conseguira-o. Com isso tinha conseguido aproximar-se dele a ponto de aparecerem juntos em festas. Que sentido faria estragar a minha relação com outra pessoa? Demasiadas perguntas sem resposta. Cerrei os olhos e abanei a cabeça como para sacudir todos os pensamentos que me invadiam. “ Mel, organiza-te!”, pensei. “ Falta metade do semestre para acabar, conseguiste um bom trabalho que convém manter e, tenho o Jaime. Concentra-te no que interessa”. Foram tantas as questões que me assolaram durante a viagem até casa que, mal dei por mim, estava a chegar. Àquela hora e com o tempo que se fazia sentir, era quase impossível arranjar estacionamento perto de casa. Estacionei o mais perto que consegui e apressei o passo até casa. Do Jaime nem sinal. “ Deve vir a caminho!”. E não conseguia parar de sentir um certo formigueiro na barriga. “ Cada vez estou mais tola!”, pensei enquanto tentava distinguir quais as chaves de casa. De repente parei. O formigueiro que sentia deixou de existir e senti o coração disparar. Não sei quanto tempo permaneci imóvel, mas foi o suficiente para a minha presença ser notada. Tentei articular qualquer coisa, mas nada queria sair. Levantou-se e começou a andar na minha direcção e eu esperei que não fosse ele. Pedi para estar enganada, que era alguém parecido… mas ao passar debaixo do poste da luz, esta iluminou-o o suficiente para deitar por terra todas as minhas esperanças.
- Mel! – Chamou. A voz soava suave e preocupada ao mesmo tempo. Tentei controlar os batimentos do meu coração. Pensei que se não o fizesse ele iria aproximar-se e ouvir o quão acelerado estava.
- David! – E a voz saiu-me tão sumida que mais pareceu um sussurro. Ele continuou a aproximar-se até parar bem perto de mim. Olhei para cima, directamente nos seus olhos. Os caracóis caiam-lhe mais do que o normal devido á humidade.
- O que é que estás aqui a fazer? E com este tempo?
- Eu preciso falar com você. Tentei te ligar, mas seu celular tava desligado.
- Eu sei. Fui eu que o desliguei. David, tu não devias estar aqui.
- Cê não tá entendendo. Eu preciso te falar uma coisa. É importante.
- Há quanto tempo estás aí?
- Faz um tempinho já… - Disse, sorrindo. – Foi o único jeito que eu achei p´ra falar com você.
Corei. As suas atitudes ainda me surpreendiam. E a sua presença ainda me perturbava. Em menos de um segundo esqueci tudo o que tinha em mente até aí, incluindo o facto do Jaime estar a caminho da minha casa, também. A única coisa que conseguia era olhá-lo. Era como se me hipnotizasse só com o olhar. Senti a sua mão fria tocar no meu rosto, ao de leve, quando desviou uma madeixa do meu cabelo.
- Você tá bem? – Perguntou num tom afável. Respondi que sim com a cabeça. Ele sorriu-me novamente. – Tem uma coisa que você precisa saber.
- O quê? – Perguntei, murmurando.
- É sobre…
- Afasta-te dela! – A voz de Jaime surgiu de repente por trás de mim, e eu pareci acordar do transe em que estava e aperceber-me da gravidade da situação.
Instintivamente, David puxou-me para trás dele ficando entre mim e o Jaime. Eu não percebi logo porquê. Jaime continuou no mesmo tom alterado.
- Desgraçado! Filho da P***! Devia ter-te batido a ti em vez do carro.
As palavras de Jaime não faziam sentido para mim. Ele batera no carro? Qual carro? E porquê? David saiu em sua direcção.
- É mesmo? Quero ver você bancar o forte agora sem seu taco.
Eu continuava atónita com tudo o que se estava a passar na minha frente. Os dois corriam uma para o outro e pareciam prestes a embater num “ Choque de Titãs”. Jaime insultava-o e ameaçava-o. A sua atitude começou a parecer-se muito como aquela que tivera comigo. David continuava a provocá-lo.
- Quer bater em alguém? Vem bater em mim, seu covarde!
Dois segundos depois o punho fechado de Jaime acertava em cheio no lábio de David. Este cambaleia um pouco para trás, tentando manter o equilíbrio mas Jaime acerta-lhe novamente, desta vez com um pontapé certeiro.
- DAVID! – Gritei ao vê-lo cair. Senti as forças abandonarem-me e corri para ele.
- Mel, não se aproxima não! – David levantou-se num ápice, tomou balanço e empurrou Jaime até um poste. O embate foi tão forte que até eu pareci sentir o mastro de betão contra as minhas costas. Depois também ele acertou um murro em Jaime que o fez pôr-se de joelhos. Este preparava-se já para nova investida mas eu interpus-me no meio dos dois.
- Parem! – Gritei! – Jaime, é melhor que te vás embora! – ordenei.
- O quê? Estás a mandar-me embora a mim? Então e ele? Ele é que veio aqui provocar-me!
David tentou aproximar-se dele novamente mas eu barrei-o.
- Eu vim avisar a Mel do Canalha que você é. Maluco!
- Avisar a Mel do quê? Ela é minha… está comigo agora. Tu não tens nada de te intrometer.
- PAREM! – Gritei novamente. Algumas luzes começaram a acender-se nos prédios ao redor, e os carros que passavam abrandavam o passo na esperança que perceberem o que se estava a passar.
- Mas, Mel…
- Jaime, sai daqui… Já!
- É, melhor cê ir embora antes que eu…
- E tu ficas quieto! – Ordenei de seguida a David.
Jaime continuava imóvel á minha frente. Um misto de raiva, ciúme e perplexidade estampado no rosto. Por fim assentiu com a cabeça. Deu meia volta nos calcanhares, apontou para David com ar ameaçador, entrou no carro mal estacionado e saiu como um louco, desaparecendo na estrada. Quando isso aconteceu, virei-me então na direcção de David. Tinha a mão machucada da briga que tivera… Por causa de mim.
- É melhor entrares para tratarmos dessa mão.